Tuesday, June 16, 2009

Novo Endereço

Bem, amigos, depois de quase três anos de reclamações, desabafos e outros assuntos aleatórios, o Duplas Crônicas chega ao fim. Como havia pouco tempo para a outra parte da dupla se dedicar às crônicas do jeito que o blog merece, eu, Silvinha, decidi continuar em carreira solo. Ao contrário de fim de banda, a amizade continua.

Obrigada aos nossos (nem tão) fiéis leitores durante esse tempo todo!

A quem interessar possa, "estarei atendendo" em novo endereço:


Assinem os feeds, repassem pros amigos!

Pela atenção, obrigada!

Friday, May 29, 2009

Pão, Pão. Queijo, Queijo

Fim-de-semana na espreita e termômetros em baixa bastam para que os convites para fondue comecem a aparecer. Três graus a menos e tomar uma mísera cerveja gelada com batata frita vira um ato criminoso. Precisa ser vinho com “fundí” e, pelo que vejo, faz muito sucesso. Eu sou contra.

Há uns bons anos, meus pais resolveram levar os três filhos pra comer fondue no restaurante. A expectativa era grande, todo mundo arrumadinho. Depois de muita demora, o garçom veio trazendo a carne, os molhos e o rechaud (richô, NÃO, por favor!).

Meu irmão, com o estômago colado na costas, não teve dúvidas: espetou a carne crua, besuntou de molho e enfiou na boca antes que minha mãe pudesse fazer qualquer coisa.  Eu esperei ela explicar todo o procedimento e concluí “o garçom é um folgado! A gente é que vai ter que ficar cozinhando?”.

O fondue de queijo é mais popular. Precisa de concentração tibetana para espetar o pão sem deixá-lo esfarelar, lembrar da cor do seu garfinho, saber qual é a sua taça de vinho, não deixar o pão cair dentro da panela, manobrar seu garfinho sem atingir a mão de ninguém, não deixar o pão ensopado pingar na sua roupa e não queimar a boca enquanto tenta falar de amenidades debruçado numa mesa com outros sete famintos.

No fim das contas, ninguém conversa durante o jantar. O esforço é tanto, que você já tirou todos os casacos, o vinho já subiu pra cabeça e mesmo bêbado e com calor, você continua com a sensação de que não comeu nada. Quando menos se espera, já abriram a sexta garrafa de vinho e nem se respeita mais a taça de ninguém.

Eis que chega a outra panelinha, cheia de chocolate fumegando, os morangos picados, banana e uva. Tentador. Dona Mamãe, nas poucas vezes em que fez fondue em casa, cortou também quadradinhos de bolo de chocolate. Quem sabe, sabe...

O que eu sei é que o morango, a banana e a uva escorregam no chocolate feito criança em tobogã do Wet’n Wild. Fica tudo no fundo da panela, queimando e grudando. A cena final é a sala do apartamento cheia de pau d’água sujo de vinho e chocolate, bem como a dona da casa, que ainda tem que lavar a louça e a panela queimada. Joga água em tudo e reza pra situação ter melhorado no dia seguinte. 

“Fazer fondue” a dois é uma bela de uma desculpa esfarrapada. Tão eufemístico quanto dizer pro pai que vai a um “churrasco” de faculdade. Com a diferença de que só no primeiro caso vai haver comida (com trocadilho). 

Tuesday, May 19, 2009

Neurose feminina é redundância

Então você conhece o cara e passada a fase do sms, chega a hora do MSN. Quem adiciona quem? Endereço de e-mail tosco tipo bru_ni_nho_sp10@hotmail.com ou fabiomalucao@msn.com perde ponto? Perde. Muitos. Aí você vai lá e adiciona. Mulher de atitude, fibra, dá o primeiro passo. 

Lá está ele, Fábio, offline. Como assim, offline? Segunda-feira, 9:20 da manhã, como é que o cara ta offline? Não trabalha, não? Já sei! Me bloqueou, certeza. E toca entrar no blockstatus.com pra verificar. Hum, ok. Ta offline, mesmo. Mas e se o site não for de confiança? Vai tomar um café, fumar um cigarro que a coisa tá tensa.

Sobe a janelinha do Fábio, você hiperventila. Pára tudo o que está fazendo pra inspecionar os dados do rapaz. Eu não vou falar é nada, já adicionei ele ontem, não tomo mais atitude. Passam-se cinco minutos e nenhum dos dois toma atitude. De acordo com o iTunes habilitado, ele já ouviu umas cinco músicas de que você gosta e o cursor continua intacto. Aparece David Bowie na playlist dele e você não se contêm. É agora. Vou falar que adoro Space Oddity!

O chefe chama. O dedo escorrega desligando o monitor e você finge que presta atenção. Vai anotando palavras sem nexo e enquanto o homem monologa e você faz que sim com a cabeça, a tela do MSN não sai da sua mente. E se ele sair? E se for almoçar? E se ele esquecer que eu sou eu e me deletar e bloquear? O blockstatus não é confiável, eu nem chegarei a ter certeza. Acaba a reunião com o chefe e você corre de volta. 

Ó lá: ferrou, ele tá ausente. Mas será que está ausente mesmo ou só colocou pra ninguém incomodar?  Será que colocou pra EU não incomodar? Bom, mas se bem que agora é 12:30, ele deve ter ido almoçar, se eu mandar mensagem agora, ele não vai responder. Vou ficar ‘ausente’ um pouco, pra não parecer tão viciada. 

Já sei! Ele não deve ter me visto online, vou entrar e sair pra ver se percebe. Na terceira vez que repete o procedimento, sente-se ridícula pois ele deve ter desabilitado os avisos. Ou isso ou ele acha que meus serviços de internet não são lá muito satisfatórios. 

Quatro e quarenta da tarde. Me parece um bom horário, meio da tarde, bem casual.  Casual até é, mas e se ele me achar uma desocupada que não trabalha e fica atazanando os outros? Vou esperar um pouquinho. Às dezoito e vinte e três, você decide que vai puxar assunto. Ó lá. Saiu! Saiu do MSN, o que que eu vou fazer agora?
 

Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais terá sido mera coincidência. 

Wednesday, April 15, 2009

Os Delírios de Consumo de Amélie Poulain

Os e-mails de corrente que vinham com listas das pequenas coisas que fazem a vida valer a pena sempre mencionavam, além do gostoso cheirinho do café "passado" na hora e da Amélie Poulain enfiando a mão no saco de cereais,  a delícia de se achar dinheiro em bolso de roupas. Não sei se sou muito limpa ou muito pobre, mas isso raramente acontece comigo. Principalmente porque agora ninguém mais tem dinheiro, é o bendito do Redeshop, do Visaelectron. Ao invés de moeda de 10 centavos, encontro comprovante do cartão.

Começo a juntar os papeizinhos jurando que vou fazer as contas, ser uma pessoa comedida. Devo poupar dinheiro. R$14,56 no Pão de Açúcar. Cerveja. R$68,00. Brechó. R$89,00. Shoestock. R$73,00. JF Bar. JF Bar? Rua Augusta? Ah, lembrei. R$7,80. Padaria Iolanda. Onde é Padaria Iolanda? Quem é Iolanda? R$37,61. Pão de Açúcar. Cerveja. 

No domingo à noite formo uma bola de bocha feita com os tickets e desisto de fazer as contas. O que os olhos não vêem... Ultimamente, alegando uma irrisória consciência ecológica, tenho rejeitado a segunda via do comprovante, já aviso antes. Eu vou amassar e encontrar uma semana depois, mesmo.

Aquele trocadinho do bolso que ajudava o amigo a inteirar uma gelada no posto de conveniência deu lugar...ao cartão do banco. Camarada tem a cara de pau de passar R$2,80 no cartão e a lojinha paga mais de taxa do que o valor do produto em si. A gente fica mal-acostumado e depois vai até em barraca na praia perguntar se aceitam crédito. O pior é que tem algumas que aceitam. Acho que me viro melhor sem um dos rins do que sem meu Redeshop.

Vira e mexe a rede sai do ar e não posso nem dizer que vou lavar pratos no restaurante porque eles usam uma máquina muito mais eficiente  do que eu. Suo frio até o tal do sistema voltar. O que me faz feliz mesmo é ouvir o apitinho da máquina e a calorosa mensagem: TRANSAÇÃO APROVADA. Ah, as pequenas coisas da vida! 

Sunday, April 05, 2009

Narciso Vernizzi

Daí o cara reclama do vizinho do prédio, que sempre que encontra com alguém no elevador faz questão de comentar sobre o tempo. São Paulo é assim mesmo: as quatro estações do ano num dia só, tem que levar blusa de frio e guarda-chuva pra sair de casa. Impressionante. Se não isso, o cara vai falar o que? Que precisa trocar o óleo do carro ou que o filho está deixando as fraldas?

Puxar papo é uma arte para poucos. Eu mesma sou uma que prefiro ficar calada na frente de desconhecidos a me sujeitar a um vexame desses, mas não é sempre que se tem essa sorte. Sala de espera de pronto-socorro, a velha que devia ser habitué no São Luis, tinha mais nada pra fazer na sexta à noite, se mandou pra lá. Já tinha lido todas as Caras e Quens da semana, achou melhor sondar sobre as enfermidades dos companheiros de sala.

Fulano com gastrite nervosa e a velha especulando: ah, isso aí é briga com a namorada. Homem fica guardando tudo, acaba assim. Olhei pra senhorinha com ares de descrença naquilo tudo que ela dizia e mesmo assim ela começou a contar de seu problema com diverticulite. Se não dava pra ficar quieta, não era melhor falar do tempo?

Na depilação, a mesma coisa. Depois de falar do Big Brother e de algum crime bárbaro da capa da Veja, a mulher não se compadece de sua situação. Quer dizer, não basta você sofrer a cada puxão impiedoso de cêra. Além de sentir dor, é preciso ficar interagindo. Foi pra praia? Ta queimada! Nossa, mas seu biquíni é grande, hein? Olha essa marca... Ela pode estar acostumada, mas não é do meu cotidiano o contato tão íntimo de outrem com a minha virilha, muito menos comentando o caso da Isabela Nardoni.

Deixando o melhor pro final: taxistas. Ah, os taxistas! Sempre com posições políticas amenas e centradas. Não tem jeito, tem que matar todo mundo; Maluf roubou mas construiu a Av. Espraiada. Não se contentam em ouvir meu destino, ligar na Alfa FM e dirigir, precisam interagir com o passageiro.

Um caso verídico é de um motorista que quis fazer sucesso com os jovens que entraram em seu táxi e pôs-se a contar sobre o dia em que saiu do quarto para buscar água no meio da noite e encontrou seu filho enrabando uma cabrita na sala!! Não sei bem o que ele esperava ouvir como resposta. Consta que o silêncio imperou no carro até o fim da viagem.

Antes tivesse falado do tempo maluco.